When:
6 October, 2021 @ 8:58 – 9:58
2021-10-06T08:58:00+01:00
2021-10-06T09:58:00+01:00


Espetáculo de dança
 
Festival Abril Dança Coimbra
Org: Escola da Noite, do Convento São Francisco, TAGV e Teatrão
 
+infos Festival AQUI
 
Informações: 239 714 013 (Chamada para a rede fixa nacional)
912 511 302 (Chamada para a rede móvel nacional)
info@oteatrao.com
 
Bilhetes à venda na OMT e postos Ticketline

ATLAS DA BOCA

 
“Atlas da Boca” é uma investigação de dois corpos trans acerca da boca como lugar de interseção entre a palavra, a indentidade e a voz, o público e o privado, o erotismo e a política. Busca novas narrativas, explorando os verbetes que se abrem da boca para fora e que se lêem da boca para dentro.
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Tudo começou em um encontro com João Emediato e seu “Breve Atlas do Trabalho” que é uma publicação que brinca entre a palavra, a imagem e o gesto. Nesse atlas, os deslocamentos de significado acontecem por meio de combinações inusitadas entre esses elementos. Pessoalmente, sou uma entusiasta da palavra e das manobras que a linguagem cria diante do que nos é estranho.
Passei minha infância e parte da adolescência muito calada. Vivi incontáveis dias a ler as pessoas e, principalmente, suas “não-palavras”. Uma palavra-gesto, uma palavra-olhar, uma palavra-respiração contém tanta verdade e segredo que passo minha vida a tentar ler os caminhos que o pensamento inscreve no corpo. Acho que o espetáculo se instala aí.
O Atlas da Boca discute sobre esse espaço simbólico onde a boca se torna a interface entre o público e o privado, entre o erótico e o político, entre o silencio e a palavra que dura. São nessas situações que a palavra se torna identidade, afeto, fé e riso. Como bebês que descobrem o mundo colocando o mundo na boca: saber o gosto do chão, das chaves de casa e dos cabelos da mãe. Crescemos e a boca vai se tornando um lugar mais longe da mão, mais rebuscado, sóbrio e soberbo. Nessa coleção de palavras que transitam da boca para fora e da boca para dentro, eu e o Ary vamos nos permitindo transbordar algumas palavras numa relação muito horizontal e despretenciosa com o público. Ambos transicionamos muito tarde e, agora, começamos a vivenciar/ser outras palavras e experienciar o mundo em posições novas. Apesar de sermos duas pessoas trans, nosso trajeto dentro do espetáculo tenta abarcar porções “reduzidas em fogo alto” das experiências que qualquer pessoa pode se defrontar ao amar, ao perder e ao encontrar-se com o desconhecido. O trabalho se pergunta sobre as palavras-gestos que performamos nos encontros, sobre as línguas familiares e estranhas que passam pelo nosso corpo e sobre os momentos em que a boca se enrijece deixando a palavra sair urrada. Temos curiosa insistência na nossa capacidade de ouvir com outras partes do corpo e com aquilo que a boca tenta tornar eterno. Deixamos nos levar pelas histórias que a língua inventa e rebolamos em direção ao sagrado que existe no céu da boca. Somos como bebês passando a boca na existência e sentido alguns sabores pela primeira vez.
Gaya de Medeiros
 

FICHA TÉCNICA

Direção e produção: Gaya de Medeiros
Cocriação e Atuação: Ary Zara, Gaya de Medeiros
Provocação, conceção e design do “Breve Atlas da Boca”: João Emediato
Vídeos: Ary Zara
Luz: André de Campos
Operador de Som: Milton Estevam
Tradução e legendagem: Joana Frazão
Coprodução: Alkantara e Companhia Olga Roriz
Gestão: Irreal
Apoio à Criação: Self-Mistake
Apoio Institucional: República Portuguesa – Cultura I DGARTES – Direção-Geral das ArtesFicha técnica e artística
 

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