When:
6 October, 2021 @ 8:58 – 9:58
2021-10-06T08:58:00+01:00
2021-10-06T09:58:00+01:00


Uma criação da Companhia de Teatro de Almada
Encenação de Rogério de Carvalho | Texto de Jean-Luc Lagarce
27 de maio, 21h30 | 28 de maio, 17h | Sala Grande da OMT
M/12
 
Bilhetes à venda na OMT e postos Ticketline
 
Informações: 239 714 013 (Chamada para a rede fixa nacional)
912 511 302 (Chamada para a rede móvel nacional)
info@oteatrao.com

MUSIC-HALL

 
Em cena, deparamo-nos com uma cantora de music-hall em decadência. Ladeada pelos seus dois acólitos e validos, os seus dois Boys, eis-nos perante uma Rapariga que nos revela as suas desventuras cénicas. Conta-nos a sua história, a um tempo divertida e patética, que não é mais que o percurso de uma por assim-dizer vedeta que, na verdade, toda a vida só actuou em salas de segunda ordem. Torna-se, por isso, praticamente inevitável identificarmo-nos com esta artista claudicante que, apesar das dificuldades técnicas e da falta de público, nunca abdica dos seus ensejos de criação e da sua vontade de representar.
 
Nas várias peças de teatro que escreveu, o francês Jean-Luc Lagarce (1957-1995) preocupou-se sobretudo com as questões da frase em si, do tempo e da montagem-colagem. Nos seus textos nunca nada está completamente fechado. Nunca há uma verdade que se imponha. As suas frases emanam um encantamento doce, feito de aparentes redundâncias e de uma temporalidade quase imóvel. Este “quase” diz respeito à sua subtileza na abordagem dos temas, própria de uma fineza de espírito, que lhe agudiza os sentimentos. Através da utilização de uma língua que vigia sem cessar, o autor diz o máximo com o mínimo de efeitos. No que toca ao tratamento do tempo, Lagarce começa por escrever sobretudo para um futuro próximo. Mas, pouco a pouco, vai-se voltando para o presente — o que lhe foi cada vez mais difícil, a partir do momento em que foi atingido pela sida, aos trinta anos de idade. Só no período final da vida começou a escrever sobre o passado. Estão editadas em português peças suas como As regras da arte de bem viver na sociedade moderna, Estava em casa e esperava que a chuva viesse, Music- Hall, História de amor (últimos capítulos), Últimos remorsos antes do esquecimento, e Tão só o fim do Mundo.
 

E as luzes, brutalmente, ao som da minha voz…
‘Como que ao som da minha voz’. E as luzes
apagavam-se. E isto começava, e eu, a Rapariga,
esquecia tudo, que mal é que isso faz?
Esquecia tudo e lá ia eu, falava-lhes, e o resto, o
gravador, a ausência de gravador, o ‘com corrente’
ou o ‘a pilhas’, tudo isto, no fundo da minha alma…
Bem, da minha alma não… No fundo de mim
mesma, no meu foro íntimo (é assim que se diz?),
na minha fortaleza interior, não pensava mais nisso. E sorria.

Excerto de Music-hall, de Jean-Luc Lagarce, tradução de Alexandra Moreira da Silva

 

FICHA TÉCNICA E ARTÍSTICA

Elenco: Teresa Gafeira, João Farraia e Pedro Walter
Tradução: Alexandra Moreira da Silva
Cenografia: José Manuel Castanheira
Figurinos: Bárbara Felicidade
Luz: Guilherme Frazão
Desenho de som: André Oliveira
Movimento: Cláudia Nóvoa
Voz e elocução: Luís Madureira
Assistente de encenação: Nicole Alves
Operação de som e luz: André Oliveira
Direcção de montagem: Guilherme Frazão
Montagem: André Oliveira, Bento da Silva, Carlos Janeiro, Paulo Horta e Tiago Fernandes

 

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