Quando:
13 Dezembro, 2018@21:30
2018-12-13T21:30:00+00:00
2018-12-13T21:45:00+00:00


Teatro

disponível
para digressão
dur. 1h30 min
m12

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ou
912511302

A Grande Emissão do Mundo Português

 
A Grande Emissão do Mundo Português é o segundo capítulo da Casa Portuguesa do Teatrão, o conjunto de produções, debates e estudos que a companhia produz atualmente sobre o Estado Novo. Depois de Eu Salazar, o foco transfere-se agora para a Emissora Nacional (EN) e para o seu papel na difusão da ideologia do Estado Novo, especialmente no período em que António Ferro assume a sua direção. Interessam-nos as correlações entre a política cultural do estado e a programação da EN, nomeadamente nas estratégias de “encenação” do regime e nos processos de aportuguesamento. A grande alteração dos meios de produção da EN para atingir estes objetivos, o seu sucesso e duração são pistas para a interpretação da transformação sociocultural operada no nosso país pelo Estado Novo. No confronto com o presente, este material permite-nos uma reflexão crítica sobre as novas vagas populistas, a influência dos meios de comunicação de massa na propagação de ideais que atualizam as ditaduras como soluções inevitáveis para os males sociais e conduzem a encenação das realidades.
 

 
A VOZ DO SENHOR
A radiodifusão foi a primeira arma do fascismo. O fascismo é feito de ausências e emoções, e nasce de uma nostalgia pela união com aquilo que cremos ser-nos próximo e familiar.
 
A rádio, soprando música e vozes por todo o lado, era a ferramenta perfeita para os totalitarismos da primeira metade do século XX. A voz dos ditadores e seus representantes entrava nas casas e sussurrava promessas e sonhos, convencendo todos de que aquilo que queriam era o que dizia aquela voz amiga – que mais podemos chamar a alguém que nos fala e dentro da nossa própria casa? O som é a dimensão da intimidade. Os nossos cérebros dizem-nos que apenas escutamos quem está perto, quem é querido e quem nos quer bem. Por isso, meio mais emocional do que os jornais, mais intimista do que o cinema, mais subtil do que a televisão, a rádio foi fazedoras de nações, normalizadora de culturas, ditadora de línguas e ouvidos, e grande preocupação do Estado Novo, que tomou medidas cuidadosas para a moldar e definir, para assim inventar um Portugal à sua imagem.
 
Teatralizar a rádio parece um paradoxo, mas um paradoxo vital, para nos recordar como a rádio nos seduziu, nos ensinou, nos distraiu e nos enganou. Um paradoxo também para resgatar vozes, canções, jingles, notícias, que achávamos esquecidas, mas que ainda latejam na nossa memória cultural. E nesse resgate recordar como a rádio foi também teatro – encenação de um país, de uma cultura, de uma política – mas também espetáculo ao vivo, feito de protagonistas e figurantes, entusiasmo e imprevistos, problemas e milagres, roteiros e improvisações, e um longo, longo bastidor de histórias que neste espetáculo procurámos reproduzir ou apenas adivinhar, na busca de, unindo-nos a uma emissão do passado, melhor entendermos os interstícios do país de hoje. 
Jorge Palinhos

Sinopse

Num estúdio da Emissora Nacional, cinco trabalhadores levam a cabo um programa que dura 21 anos de vida de um país encolhidos numa 1h30m de emissão. O seu início, em 1940, é marcado pela mudança na direção da Emissora – a saída de Henrique Galvão e entrada de António Ferro – que passa a coproduzir o programa com a Frente Nacional para a Alegria no Trabalho, procurando educar sem aborrecer a nação. Para este efeito, a emissão, gravada com público em estúdio, segue um alinhamento variado. Os famosos diálogos radiofónicos de Olavo d’Eça Leal, o Correio Sentimental Cousas Caseiras, os momentos poéticos ou de teatro radiofónico são abrilhantados por momentos musicais gravados ao vivo com as vedetas da Emissora, compondo um bouquet de bonitas atrações para alegrar as famílias. O programa dá ainda conta das novidades que abalam o mundo mas que não nos abalam e publicita os melhores produtos para consumo pelos radiouvintes. Serão horas passadas com orgulho, com exaltação, com alegria, mas também com amizade, sem sairmos do mesmo lugar ou talvez a sair só um bocadinho.

Ficha Técnica e Artística

Dramaturgia · Jorge Palinhos
Direção · Isabel Craveiro em cocriação com os atores
Consultoria Científica · Manuel Deniz Silva e Pedro Russo Moreira
Interpretação · Ana Bárbara Queirós, Celso Pedro, Isabel Craveiro, João Santos, Margarida Sousa
Cenografia e Figurinos · Filipa Malva
Desenho de Luz · Jonathan Azevedo
Direção Musical · Luís Figueiredo
Preparação Vocal · Cristina Faria
Design de Som · Daniel Bernardo
Vídeo · Sérgio Gomes
Design Gráfico · Paul Hardman
Teasers Vídeo · Rui de Almeida
Voz Off · Pedro Ribeiro e João Conceição
Fotografia · Carlos Gomes
Cabeleireiro · Carlos Gago (Ilídio Design)
Construção de Cenário · José Baltazar
Construção de Adereços · Cristovão Neto
Costureira · Fernanda Tomás
Montagem de Luz e Som · Jonathan Azevedo e Rafael Silva
Operação de luz · Jonathan Azevedo
Direção de Cena · Afonso Abreu, Ana Pereira, Diogo Simões e Filipe Gomes
Frente de Casa · David Meco,Diogo Manaia, Gabriela Martins, Guilherme Curado, Iria Gonçalves, Luís Nogueira, Manuela Hermes, Margarida Quadros, Mariana Ferreira · Mariana Martins, Mariana Pereira, Mário Canelas, Miguel Rocha, Ricardo Manuel e Rita Capelo
Direção de Produção · Cátia Oliveira
Direção Técnica · Jonathan Azevedo
Comunicação · Margarida Sousa e Raquel Vinhas
Interpretação língua gestual · Andreia Esteves, Pedro Oliveira e Rafaela Cota da Silva (interpretes profissionais), Ana Jacinta Neves, Catarina Abrantes, Cedson Furtado, Joana Lopes, Rita Costa e Sofia Soares (alunos do 3º ano da Licenciatura em Língua Gestual Portuguesa da ESEC)
 
Teatrão 2018
 
Agradecimentos · Angelina Rodrigues, Caminhos do Cinema Português (Tiago Santos), Centro Popular de Trabalhadores de Sobral de Ceira, CHUC, Conceição Antunes, ESEC, INATEL, Miguel Rocha, Pedro Lamas, Pedro Serra, Tecidos de Coimbra (Michel Santos), Pedro Ribeiro e João Conceição