Caro espectador, o espetáculo começa dentro de momentos. Esperamos que esteja confortavelmente sentado e que a catarse que se segue seja do seu agrado. No teatro, como na vida, somos potenciais espectadores de histórias por contar. Sentados em cadeiras numeradas observamos o que acontece, aos outros.
Vivemos sequiosos de boas histórias, de ser surpreendidos com tragédias, comédias, com alguém que grite de desejo ou sofrimento o suficiente para nos prender à cadeira. Estamos dispostos a acreditar que ficar sentado, confortável a observar, é o grande privilégio de ser espectador. É o ato teatral em todo seu esplendor!
MÁQUINA DE ENCARNAR é um espetáculo performativo de ato único que explora o paradoxo e a violência das relações entre os seres humanos. É uma MÁQUINA que quer transformar um ato teatral passivo numa manifestação artística de alerta! Uma luta num espaço fechado, desonesta, onde a vítima já está escolhida.
Assumimos esta proposta artística consciente de que o teatro tem de desempenhar um papel ativo na luta contra a violência, seja ela qual for. Que deve acrescentar o seu olhar sensível e a sua voz amplificada a esta luta. Pensamos que é possível através do teatro e da arte, criar novas formas de reflexão, de ação, alternativas aos discursos de domínio patriarcal. A arte deve encarnar novas possibilidades de representação de género, que sirva de resistência e empoderamento, que permitam a todas as pessoas construir uma nova história. A sua.
Quatro intérpretes e dois músicos assumem um lado da história. Do outro lado, filas de cadeiras numeradas esperam por espectadores, para um ato teatral que os faça vibrar.
A MÁQUINA DE ENCARNAR está pronta, mas os atos mais profundos de ação e resistência começam quando o espetáculo termina.
Bom espetáculo.
A primeira fase (online) deste processo foi para conhecer o projeto DEEP ACTS (Developing Emotional Education Pathways and Art Centered Therapy Services against gender violence), gerido por uma parceria de associações transnacional onde a ASTA está inserida. O principal objetivo do DEEP ACTS é oferecer métodos inovadores e ferramentas de trabalho específicas, que envolvem a utilização da arte como terapia e educação emocional, para profissionais e organizações que trabalhem na prevenção da violência de género. É composto por reuniões, workshops, conferências, vídeos, exposições e espetáculos. É no âmbito deste projeto que o espetáculo Máquina de Encarnar será apresentado em Espanha e Itália. (https://www.deepacts.eu)
Segunda fase do processo, já presencial e criativo. Iniciamos uma investigação de conceitos e debate de ideias dentro do que podemos chamar “as temáticas” de violência de género. Procuramos o potencial artístico para cada ideia que surgia, algo que pudesse ser colocado em cena, no corpo, na música, suportado por referências a artistas e a conceitos de arte como ferramenta de transgressão e intervenção contra a violência.
Inspiramo-nos em movimentos feministas internacionais como as Guerrilla Girls, Pussy Riot, Colectivo Las Tesis, #8M, entre outros. No trabalho no terreno das redes nacionais e internacionais, nas campanhas das associações e organizações contra a violência. Em artistas cujo trabalho e vida foram também dedicados a alertar, a provocar sentimentos, a descobrir na beleza da arte uma nova forma de luta. Na música o movimento Riot Grrrl, as Pussy Riot, mas também o lado oposto com os conteúdos machistas nas canções românticas e populares.
Numa última fase deste intenso processo, reunimos todos estes conceitos que fomos criando em cenas que experimentamos, dia após dia, compondo e testando de forma colaborativa esta performance teatral, como um concerto rock, uma respiração conjunta com o espectador.
Agradecemos a incansável ajuda de todas as pessoas que estiveram presentes de uma maneira ou de outra ao longo deste processo criativo da MÁQUINA DE ENCARNAR.
Produção_ ASTA
Encenação_ Marco Ferreira
Assistente de Encenação_ Adriana Pais
Apoio Cénico_ Marta Marques
Texto_ Coletivo
Interpretação_ Carmo Teixeira, Edmilson Gomes, Marina Schneider, Sérgio Novo
Músicos_ Renato Gonçalves e Telmo Moura
Composição Musical_ Ritmo Estúdio
Desenho de Luz_ Marco Ferreira
Operação Técnica_ Bruno Esteves
Assistência Técnica_ João Cantador
Figurinos_ Inês Santos
Design Gráfico_ Joana Mundana
Produção Executiva e Comunicação_ Rui Pires
Assistente de Produção e Comunicação_ Helena Ribeiro
Classificação_ M/16
Duração_ 55m
ASTA estrutura financiada por_
República Portuguesa – Cultura | Direção Geral das Artes
Espetáculo Inserido no Projeto DEEP ACTS Co-financiado por_
Programa Direitos, Igualdade e Cidadania da União Europeia
Apoios_
Câmara Municipal da Covilhã | Instituto Português do Desporto e Juventude | Unidos Futebol Clube do Tortosendo | Torfal
Parceiros_
Fermata d’Autobus |Nuovi Linguaggi | Comitato il Nobel per i Disabili |Rumbos | Covilhã Cidade Criativa Design
© Nuno Madaleno