Quando:
6 Outubro, 2021@8:58_9:58
2021-10-06T08:58:00+01:00
2021-10-06T09:58:00+01:00


NOVA Criação Teatrão em coprodução com Teatro Municipal Joaquim Benite /Companhia de Teatro de Almada
15, 16, 17 e 18 setembro – qui, sex, sáb – 21h; dom – 16h
TMJB – Sala Experimental
 
20 outubro a 13 novembro, ter, qua, dom – 19h; qui a sáb – 21h30
Sala Grande OMT
 
Dur.: 1h20
M/16
 
Sessões acessíveis
30 de outubro e 5 de Novembro – interpretação em Língua Gestual Portuguesa
6 de novembro, às 19h – audiodescrição
 
Informações OMT:
239 714 013 | 912 511 302 | info@oteatrao.com

OS CADÁVERES SÃO BONS PARA ESCONDER MINAS

De Jorge Palinhos
Encenação de Isabel Craveiro
 

Ocorrida há 50 anos, a Guerra Colonial mobilizou um milhão de soldados e afetou toda a sociedade portuguesa de formas que durante anos e anos ficaram por contar e compreender. Tal como atualmente, o Ocidente tem vindo a discutir o legado esclavagista e colonial, impõe-se regressar a esta ferida da história recente portuguesa para compreender as suas implicações para toda uma geração, e de que modo as suas repercussões chegam aos nossos dias. Partindo do lado documental e testemunhal da guerra, mais do que uma visão informativa, interessa-nos explorar a noção de trauma que repercute pelos episódios, os acontecimentos e as palavras que chegaram até aos nossos dias.

Ficha Técnica e Artística

Dramaturgia • Jorge Palinhos
Encenação • Isabel Craveiro
Interpretação • Afonso Abreu, David Meco, Diogo Simões, João Santos, Teosson Chau
Direção Musical e Preparação Vocal • Rui Lúcio
Cenografia e Figurinos • Filipa Malva
Desenho de Luz • Jonathan Azevedo
Sonoplastia • Nuno Pompeu
Design Gráfico • Paul Hardman
Fotografia • Carlos Gomes
Cabeleireiro • Carlos Gago (Ilídio Design)
Costureira • Albertina Vilela
Operação de Luz e Som • Jonathan Azevedo e Nuno Pompeu
Direção de Produção • Isabel Craveiro
Produção Executiva • Cátia Oliveira, João Santos
Direção Técnica • Jonathan Azevedo
Comunicação • Margarida Sousa
Dur.: 1h20
M/16
Criação Teatrão em coprodução com Teatro Municipal Joaquim Benite/ Companhia de Teatro de Almada
 
OS CADÁVERES SÃO BONS PARA ESCONDER MINAS encerra a narrativa que o Teatrão construiu desde 2018 denominada CASA e que enquadrou A Casa Portuguesa, A Casa do Poder e A Casa Fora de Casa, os ciclos de criação dedicados ao Estado Novo, à Europa, à Família e à Guerra. A CASA foi o motor para investigar, discutir e criar artisticamente objetos que discutam o presente e o lastro histórico que carregamos sem discutir e superar. Com dramaturgia original de Jorge Palinhos, a ficção apoia-se numa pesquisa documental baseada em testemunhos de soldados mobilizados para a Guerra do Ultramar, feita em parceria com o Núcleo de Coimbra da Liga dos Combatentes e o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

Nota de Encenação

Sou filha de um ex-combatente da Guerra Colonial, mobilizado para o C.P.I. da Guiné, em 1966. O meu pai faleceu com 40 anos, em 1983, era alcoólico. Nasci em 1973. Sempre quis saber a sua história. Parte dela tem a ver com a Guerra. Estes factos não determinaram esta criação. Este espetáculo não é sobre o meu pai. Mas claro que ele o habita, porque ele está em mim. Ele é tempo presente.
 
Este espetáculo levou-nos a entrevistar ex-combatentes, esposas e ex-esposas de combatentes que fazem atualmente terapia no Centro de Apoio Médico, Psicológico e Social (CAPS-4) da Liga dos Combatentes de Coimbra. Fomos confrontados de imediato com aquilo que, na verdade, nos motivou para o projeto, a Guerra Colonial é assunto do presente e não do passado. É uma questão complexa, dolorosa, que envergonha, embaraça, incomoda políticos e sociedade em geral, que não soubemos ou não pudemos tratar. É um conflito entre a necessidade de lembrar e esquecer. Semanalmente, eu e o Jorge Palinhos, entrevistámos homens e mulheres que engolem e vomitam o passado e o presente doloroso, como se de um outro tempo se tratasse, que corre mas não sai do lugar.
— Isabel Craveiro
 

Sobre a Dramaturgia

O autor escreve segundo a antiga ortografia
 
Na casa onde cresci havia isto: uma catana, estandartes de vários regimentos sedeados em África, quadros de inspiração oriental comprados em Moçambique, uma pistola de serviço que o meu pai guardava numa gaveta junto à cama, e que ocasionalmente oleava e verificava as balas. Nunca ninguém me disse de onde vinham estes objetos e, no entanto, eu sempre soube. A guerra: aquela que toda a gente conhecia e de que ninguém falava.
Seria fácil falar da ideia popularizada por José Gil de que Portugal seria um país sem memória. Só que a memória é um gesto. Um esforço deliberado de guardar o passado. E toda a gente sabia que a guerra que Portugal manteve nas suas colónias entre 1961 e 1974 era para esquecer.
Mas se a memória implica esforço, o seu contrário, o esquecimento, também. Pois o passado não é mais do que o chão que pisamos, mesmo quando raramente olhamos para ele. E para este espectáculo procurou-se principalmente a pesquisa, de resgatar testemunhos, lembranças, que nos mostrassem como a guerra permanece invisível entre nós.
É, portanto, uma peça sobre a impossibilidade do esquecimento e da memória, e sobre as suas mais invisíveis vítimas em Portugal: os soldados da Guerra Colonial, que ainda a carregam no corpo e na alma, e são o húmus para que ela continue a dar os frutos amargos que insistimos em não ver.
— Jorge Palinhos
 
 

© Carlos Gomes

 

 

 

Atividade Paralela

Guerra Colonial – Memória e esquecimento
Conversa

 

Coorganização Teatrão e CROME/CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
29 out, 18h, Oficina Municipal do Teatro
Com Miguel Cardina e Luísa Sales
Moderação: Isabel Craveiro
Entrada livre

 

A colaboração entre pensadores, investigadores, intelectuais e a criação artística é fundamental para um olhar crítico e transformador do mundo contemporâneo. No caso do Teatrão, apostado em inspirar o seu público com criações que o interrogam e mobilizam sobre o estado atual do mundo, tem-se construído uma relação muito sólida de trabalho, de múltiplos formatos, com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC). Com outros Centros de Investigação locais, nacionais e internacionais também, mas o CES é um parceiro fundamental e inspirador para a nossa atividade. É nesse contexto que surge, associada ao espetáculo “Os cadáveres são bons para esconder minas”, a conversa ” Guerra Colonial – Memória e esquecimento “, organizada em parceria com o projeto CHROME e que parte deste espetáculo para discutir, 50 anos depois, questões sobre a Guerra Colonial. Neste caso, porque o espetáculo convoca um olhar atual sobre os ex-combatentes, os seus percursos e o impacto deste conflito nas suas trajetórias, sublinhando a complexidade e legitimidade dos diferentes lugares de fala, convidamos artistas e investigadores a estabelecer ligações entre o objeto artístico e a produção de conhecimento pós-colonial.

 

Comprar Bilhetes