Uma criação teatral do The Freedom Theater encenada por Mahmoud Aita e interpretada por Aws Abu Aita, Mohammed Toobasi, Mohammed Abu Alhayjaa, Nadim Lahlouh e Tareq Alhassan, um grupo de rapazes entre os 14 e 16 anos do Campo de Refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada.

Sinopse
“15 and 16 Years Old — Stories of Children Who Never Grow Up” é uma criação teatral do The Freedom Theater e interpretada por um grupo de rapazes adolescentes, entre os 14 e 16 anos, do Campo de Refugiados de Jenin. Nesta performance, narram as suas vivências diárias e o o medo e perigo que espreitam a cada momento sob a ocupação militar israelita. O espetáculo dá palco a estas infâncias roubadas – onde os sonhos morrem antes de crescer, a escola torna-se uma interrogação, brincar é um risco e onde a própria vida se transforma numa penosa sala de espera para a morte.

Sobre 
O The Freedom Theater é uma instituição que promove o uso da arte como ferramenta de luta e de construção de consciência coletiva. No contexto da ocupação israelita e ataques diários, o The Freedom Theatre oferece um espaço livre e seguro para expressar criatividade, diálogo e contar histórias – especialmente direcionado às gerações mais novas.

A digressão em Portugal assume um significado especial: em janeiro de 2025, o campo de Jenin foi evacuado e ocupado pelo exército israelita, e a sede do The Freedom Theatre transformada numa base militar, tendo sido todos os habitantes, incluindo os intérpretes desta peça, forçados a abandonar as suas casas. Organizada pela realizadora Diana Antunes, que acompanha e documenta o trabalho do The Freedom Theatre desde 2018, a digressão tem dois grandes objetivos: dar visibilidade internacional à realidade vivida em Jenin e proporcionar aos jovens atores a possibilidade de partilhar as suas histórias com o público português, longe da violência quotidiana.

© Diana Antunes

O The Freedom Theatre é uma instituição cultural palestiniana independente e pioneira, fundada em 2006 no campo de refugiados de Jenin, no norte da Cisjordânia. Nasceu da visão do artista Juliano Mer-Khamis, juntamente com um grupo de artistas e ativistas locais, e dá continuidade ao legado revolucionário da sua mãe, Arna Mer, que, durante a Primeira Intifada, criou espaços seguros para o desenvolvimento artístico e social das crianças do campo.

Desde então, o teatro tornou-se uma plataforma central de resistência cultural, expressão criativa e empoderamento comunitário, sendo hoje um dos símbolos mais fortes da luta palestiniana através da arte. Mais do que uma sala de espetáculos, o The Freedom Theatre é um farol de resiliência e criatividade palestiniana: um espaço onde a arte se cruza com o ativismo e onde a resistência cultural aponta caminhos para a liberdade.

O trabalho do The Freedom Theatre desenvolve-se em várias frentes:
– Academia de Artes Performativas, um programa de formação intensiva em representação, encenação e teatro, que prepara atores e ativistas culturais social e politicamente comprometidos;
– Produção Artística, com a criação de peças originais de teatro, artes visuais e cinema que refletem a identidade palestiniana, a resistência e a experiência quotidiana sob ocupação, apresentadas local, regional e internacionalmente;
– Espaço comunitário seguro e inclusivo, aberto a crianças, jovens e mulheres, promovendo a troca cultural, a participação social e a liberdade de expressão.

A sua visão é a de uma Palestina livre, onde a cultura e a arte funcionam como ferramentas de libertação e resistência, despertando consciência coletiva através da imaginação, do pensamento crítico e da coragem artística. A sua missão passa por criar um espaço seguro de desenvolvimento artístico, fortalecimento da identidade e defesa dos direitos humanos e da justiça, mesmo em condições de ocupação.

Atualmente, devido às operações militares israelitas e às sucessivas incursões em Jenin, o campo de refugiados — e com ele o The Freedom Theatre — foi evacuado e permanece encerrado por razões de segurança. Apesar destas restrições, a equipa do teatro continua a trabalhar à distância, encontrando alternativas para manter viva a sua ligação à comunidade e a chama da resistência cultural.