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Teatrão

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13.11.24

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A Noite Canta os Seus Cantos

“A Noite Canta os Seus Cantos”, do norueguês Jon Fosse (Nobel da Literatura de 2023), conta-nos uma história de amor. A morte também faz parte, como faz parte o riso e a lágrima. Nos quatro andamentos da peça, um relógio de parede aponta com precisão o momento do início da ação. E o tempo decorre. Lento? Rápido? É de tarde. Depressa cai a noite. E é de madrugada que se ouve um tiro. É a noite com os seus cantos.

Nota sobre o autor, pela Baal17
Ninguém, ou poucos, terão ficado surpreendidos por Jon Fosse ter ganho o prémio Nobel da Literatura em 2023. A não ser nós e (talvez) o Luís (Varela), o homem por detrás da escolha do autor com que iniciamos a criação teatral em 2024.
Fosse, norueguês de 64 anos, escreve teatro desde 1993 e é um dos dramaturgos mais respeitados do mundo do teatro. Em Portugal, começou a ser encenado em 2001, pela mão dos Artistas Unidos, de cuja chancela são algumas das edições traduzidas de peças do autor, incluindo “A Noite Canta os Seus Cantos”, texto que a Baal17 agora leva a cena.
Escritor de prosa lenta, como se identifica, foi galardoado pelas “suas peças de teatro e prosa que dão voz ao indizível”.
“O mais importante”, diz o autor em entrevista à Artpress (nº 516, dez. 2023), “nunca pode ser expresso com palavras e conceitos habituais. Podemos aproximar-nos disso, mas nunca se o atinge verdadeiramente. É deixando o silêncio falar que se podem dizer as coisas”.
Para Fosse, que convida o ator (e o espetador) a estarem num “silêncio ativo”, a palavra mais importante do seu teatro é “pausa”. “ (…) Quando escrevo uma peça, reduzo e concentro, e esta concentração redutiva possibilita as súbitas explosões de uma espécie de sabedoria intensa indizível, ao mesmo tempo, triste e engraçada. Para mim, o verdadeiro drama está aí, não na ação em si, o drama está na enorme tensão e intensidade entre pessoas”(Fosse, Upblisert (1997) cit. in Jornal de Letras, out. 2023). E é sobre a humanidade que Fosse escreve.
É à volta deste autor de escrita particular, ritmada como se de uma canção ou de uma oração se tratasse, que andámos, e é ele que vos convidamos a conhecer.

Nota do encenador, Luís Varela
Um mínimo de efeitos. Um mínimo de barulho. Um mínimo de objetos: “um sofá, uma poltrona e uma mesa baixa”, um aparador com uma taça em cima, um relógio de parede e uma foto, mais tarde um berço. Nenhum decorativismo. Paredes lisas. Uma janela imensa acentua, por contraste, a dimensão carcerária do espaço, cinzento, quase verde. A luz, uniforme, varia em função das horas do dia: de uma tarde neutra a uma madrugada gelada e ventosa de todas provas, passando pela longa noite de todos os sussurros violentos, passam-se catorze horas da vida (e morte) de uma homem e uma mulher. As palavras, as frases curtas, não quebram o silêncio dominante: acentuam-no. Um realismo extremo em diálogo com um lirismo contido e uma musicalidade do jogo entre o dito e o não dito. Todo Ibsen e o Tchekov de A Gaivota (O Jovem e um Treplev sem sonhos?) inspiram uma encenação que se quer como um pequeno drama em quatro andamentos, como uma sinfonietta.

Reservas já disponíveis na OMT ou através de info@oteatrao.com / 912 714 013 (rede móvel nacional) / 239 714 013 (rede fixa nacional). Bilheteira online em breve.