© 2025 Teatrão – Companhia de Teatro, Coimbra
Sinopse
Bora Lá Laborar! convoca-nos para uma animada reflexão sobre o lugar do trabalho. Afinal, para que é que trabalhamos? Para que serve o trabalho? Porque é que, para a maioria das pessoas adultas, a vida se organiza à volta do trabalho? Estas interrogações podem interpelar qualquer pessoa, mas desassossegam-nos mais em certas fases da vida. Por isso, este espetáculo é dedicado a todas e a todos os que poderão estar a viver um desses momentos. Construtor da subjetividade e organizador da sociedade, o trabalho ocupa um lugar central no mundo humano. Este nosso labor é feito de ideias, de danças, de músicas, de palavras, de canções, de corpos, de máquinas e de tantas outras coisas. Bora lá laborar?
M/12
75 min
4-10€
27 de fevereiro, 19h
27 de fevereiro, 10h30
Preço: 5€
Transporte: 3€ (se necessário)
239 714 013 (rede fixa nacional)
912 511 302 (rede móvel nacional)
info@oteatrao.com
Igor Gandra
Carla Veloso
António Gil
Fernando Rodrigues
Carla Veloso, Catarina Chora, Eduardo Mendes, Igor Gandra, Mariana Lamego
Eduardo Mendes
LoTA Gandra
Mariana Figueroa
Marta Figueroa
Susana Neves
Pedro Maia e Gráficos do Futuro
Eduardo Mendes, Hernâni Miranda, Igor Gandra, Carla Veloso, Catarina Chora, Mariana Lamego
Ana Lúcia Figueiredo
Teatro de Ferro 2023
Fábrica das Artes- Centro Cultural de Belém, Fundação Lapa do Lobo, Teatro Aveirense, Teatro Municipal da Guarda, Teatro Municipal de Faro.
República Portuguesa/Cultura, Direção-Geral das Artes
© Susana Neves
Bora Lá Laborar! é uma expressão que não se usa, pelo menos não conhecemos ninguém que a use. Descobrimo-la, ou inventámo-la atraídos pela sua sonoridade circular e sobressaltada, como o funcionamento de algumas máquinas. Bora Lá Laborar! quer dizer: “vamos ao trabalho!” ou, em inglês, “let’s work”, “au boulot!/au travail!” em francês… supomos que em quase todas as línguas modernas deve existir uma coisa assim – o trabalho é uma condição universal do humano, mesmo para aqueles que não trabalham. Aqui, laborar significa também pensar coletivamente, em voz alta e com o corpo. Bora Lá Laborar! é pois um projeto em que se procura uma reflexão na forma de teatro sobre o lugar do trabalho nas nossas vidas enquanto sociedades e indivíduos.
Para que é que trabalhamos?
Para ganhar a vida?
Para ganhar dinheiro?
Para que serve o trabalho que milhares de milhões de humanos no mundo inteiro a todo o instante realizam?
Será que poderia ser de outra forma?
Porque é que a tanta gente custa sair da cama para ir trabalhar – será que são preguiçosos, ou haverá mesmo algum problema?
Será que a preguiça é um problema?
Será mesmo que o trabalho dá saúde ou liberta?
Haverá trabalho para todos num sistema produtivo cada vez mais automatizado?
E, se não houver, o que acontecerá com todos que veem suprimido o seu direito ao trabalho?
Mas o trabalho é um direito ou um dever?
E os velhos, não deviam também trabalhar?
E já agora, as crianças – a escola é trabalho?
Então e os trabalhos de casa?
E as mulheres, porque é que tantas vezes ganham menos pelo mesmo trabalho?
Pois, e o trabalho de parto? Sim, mas o que é que nasce do trabalho?
Ufa, que grande trabalheira! E ainda agora começámos…
Estas são algumas das imensas questões sobres as quais laborámos ao longo do processo de criação e que, de uma forma ou de outra, encontraram o seu caminho no espetáculo.
Bora Lá Laborar! é um espetáculo em que, se nos orientarmos pelas disciplinas e linguagens artísticas que são convocadas, cruza a performance com objetos e matérias, o teatro físico e visual e o teatro da palavra que convive aqui com canções e histórias contadas, na boa tradição brechtiana que o tema em causa não podia ignorar. As lógicas da televisão, do cinema e dos novos media também têm o seu lugar nesta proposta.
A peça tem como elemento central uma estrutura cenográfica que evoca o edifício industrial enquanto ícone de um tempo e dispositivo que organiza o espaço e condiciona corpos e linguagens. Este espaço reage como uma máquina e é ele próprio animado no convívio com as duas gerações de performers. Existe também uma matéria que é omnipresente: são aparas de poliestireno verde (ou azul, dependendo da sensibilidade à cor de cada pessoa). Esta matéria evoca simultaneamente várias coisas – o subproduto de algo que foi manufaturado, o resultado de um processo de acumulação, um oceano de possibilidades, um processo histórico em curso…
Desejou-se com este projeto criar um espetáculo para todo o público a partir dos 12 anos, o que inclui naturalmente os adultos, mas também o público escolar e familiar. Apesar deste desejo de abrangência, a peça é particularmente atrativa para as pessoas que estão no limiar da chamada vida adulta, na expectativa da entrada no mercado de trabalho e da estruturação da sua vida em torno dessa realidade futura. Procurámos, também por estas razões, um justo equilíbrio entre a densidade da reflexão e uma certa dimensão lúdica que as linguagens que convocamos também proporcionam. Afinal de contas, também se fala a sério a brincar.
O Teatro de Ferro surgiu em 1999 com direção artística de Carla Veloso e Igor Gandra. O nome – Teatro de Ferro – pressupõe uma noção de matéria primordial resistente e ao mesmo tempo mutável: um processo de transformação que continua a ser inspirador. O trabalho da companhia tem sido desenvolvido principalmente no campo do teatro de marionetas e objetos – inscreve-se uma lógica de investigação em que a marioneta assume um valor matricial nas suas hibridações possíveis, tentadas e tentadoras. As relações do corpo-intérprete com o objeto-mundo manipulado e a implicação de cada espectador na construção desta relação são linhas de reflexão transversais à extensa prática artística do Teatro de Ferro.