© 2025 Teatrão – Companhia de Teatro, Coimbra
No final de janeiro, acolhemos pela primeira vez na OMT os companheiros da Mochos no Telhado e a sua mais recente criação. “Era uma vez uma linha de fronteira, aqueles que a cruzaram e o porquê de o terem feito” – que com a sua autorização, e apenas por questões gráficas – encurtámos para “Era uma vez uma linha de fronteira…” é uma proposta para todas as idades a partir dos 12 anos e que nos desafia a pensar estas linhas imaginárias que foram sendo traçadas ao longo da história.
Sinopse
Esta é a história de uma linha de fronteira — a primeira e as que se seguiram. Três criaturas absurdas, situadas entre o divino e o humano, observam e transformam os traços da linha, os seus cruzamentos, quebras e emaranhados, vestindo a pele e a memória das pessoas que a atravessam. Esta é uma história que, como todas, começa com “era uma vez”, mas não se sabe bem que vez é a primeira. Sem linha do tempo, tudo se passa agora. 1968 é agora. 2010 é agora. 1140, também é agora. Esta é a história dos de agora, que também são os de antes. A história de uma ferida com nome de ordem, mas também uma possibilidade de lembrar, pensar e imaginar formas de redenção coletiva.
M/12
4-10€
31 de janeiro, 21h30
info@oteatrao.com
912 511 302
239 714 013
Patrick Murys, Pepa Macua, Ricardo Augusto, Sofia Moura
Patrick Murys, Ricardo Augusto, Sofia Moura
Sofia Moura
Rui Macário Ribeiro e Sofia Moura;
Inês de Carvalho
Francisco Alves
Ricardo Augusto
Luís Belo
Dennis Xavier
Marta Costa
Raquel Ventura
Mochos no Telhado – Estrutura com Direção Artística de Dennis Xavier e Sofia Moura
DGArtes – Ministério da Cultura, República Portuguesa
Teatro Municipal da Guarda, CENDREV, Teatro-Cine de Pombal, Centro Cultural de Carregal do Sal, Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros, Centro Cultural de Paredes de Coura, Centro de Artes de Águeda
© Luís Belo






“Era uma vez uma linha de fronteira, aqueles que a atravessaram e o porquê de o terem feito” é um título longo. Demasiado longo, tal como a História que se vive é longa e implacável. As linhas multiplicam-se e categorizam, dividem, fazem nascer ódios e proliferar guerras. Levantam muros para gente comum. Gente que apenas procura uma vida melhor. Assistimos a tempos em que a imigração é o bode expiatório para justificar todos os problemas de um país. O título do espetáculo é longo, mas a memória é curta. Porque afinal, também já lá estivemos, e continuamos a estar, à procura de uma vida melhor. Em tempos fomos a pé, escondidos em camiões, invisíveis nos comboios, a subir montanhas, a atravessar rios. Hoje vamos de avião.
Este espetáculo é sobre este país como local de partida e chegada. É a terra que conhecemos. Mas podia ser sobre qualquer outro território – estamos todos no mesmo barco. Com este trabalho questionamos a pertença e a exclusão. Questionamos quem fez as linhas. Porque são elas flexíveis para uns e rígidas para outros. Questionamos a história que contamos e que queremos rescrever, um dia, quando olharmos para este momento da história. Choraremos os corpos perdidos no mar, os que morreram à fome por lhes ser negado uma terra e os que caíram a tentar defender a sua.
As guerras fazem-se por linhas e credos. Esta linha pede a reforma. Basta.
“A linha teria gostado, demasiadas vezes, de ser invisível. Diluir-se na terra. Morrer por sua mão, como Walter. Ser só chão para andar. A linha queria, demasiadas vezes, que não acreditassem nela.”
O filósofo Walter Benjamim, que também figura nesta peça, diz-nos que o progresso não é linear. Pode ser interrompido, pode andar para trás. Mas diz-nos também que, na história que se vive, pode haver ainda uma possibilidade de redenção coletiva. Sonhamos com um progresso que quebre linhas e crie espaços amplos onde possamos conversar. Ambicionamos que o lugar que criamos no teatro seja um desses espaços: de reflexão e debate, o espaço de acolhimento, onde as histórias nos conectem àquilo que de mais humano temos e que possam
assim esbater todas as linhas. Que elas sejam como uma sombra ao cair da noite. Quase invisíveis.
Dedicamos este espetáculo a todos os que foram, a todos os que chegaram e a todos que partiram sem nunca conseguir chegar.
Este espetáculo é sobre este país como local de partida e chegada. É a terra que conhecemos, mas podia ser sobre qualquer outro território – estamos todos no mesmo barco. Com este trabalho questionamos a pertença e a exclusão. Questionamos quem fez as linhas e porque são elas flexíveis para uns e rígidas para outros.
As guerras fazem-se por linhas e credos. Aqui há uma linha pede a reforma. Basta!
“A linha teria gostado, demasiadas vezes, de ser invisível. Diluir-se na terra. Morrer por sua mão, como Walter. Ser só chão para andar. A linha queria, demasiadas vezes, que não acreditassem nela.”
O filósofo Walter Benjamim, que também figura nesta peça, diz-nos que o progresso não é linear. Diz-nos também que, na história que se vive, pode haver ainda uma possibilidade de redenção coletiva.
Ambicionamos que o lugar que criamos no teatro seja um espaço e tempo de reflexão e debate. Um espaço de acolhimento, onde as histórias nos conectem àquilo que de mais humano temos e que possam assim esbater todas as linhas. Que elas sejam como uma sombra ao cair da noite. Quase invisíveis.
Dedicamos este espetáculo a todos os que foram, a todos os que chegaram e a todos que partiram sem nunca conseguir chegar.